Interface de jogos com protótipo de papel
A usabilidade de um jogo digital é tão importante quanto a interface de um web site ou software, e em alguns aspectos as interfaces são semelhantes. Assim, podemos usar os mesmos métodos de análise de interface e usuabilidade em todos estes produtos citados.
Uma interface fraca e confusa pode fazer um web site perder clientes da mesma forma que, em um jogo digital, o jogador pode desistir de explorar mais o conteúdo e não gostar do jogo. Por mais que o jogo seja inovador e divertido, uma interface ruim e mal desenhada pode estragá-lo.
A análise de interface de um jogo digital é uma tarefa de game design, refletida no trabalho de programação de interfaces. Podemos utilizar vários métodos de análise de usabilidade, como os conceitos de Jacob Nielsen, que possui uma bibliografia muito boa sobre usabilidade e interface homem-máquina. Seus conceitos podem ser utilizados em qualquer tipo de produto que precise de uma interface com alta usabilidade.
Neste semestre na pós-graduação tive aula de Projeto de Interfaces, onde estudamos a interação homem-máquina, usabilidade de sistemas e protótipos para validação de inteface. Sem dúvidas a parte mais surpreendente desta matéria foi o protótipo de papel.
Com pedaços de papel, post-it, canetas e lápis, criamos a interface de um jogo, desde o menu, a configuração, modo de jogo e o jogo em si. Com isto, foi possível testar a interface e alterá-la entre um teste e outro. O resultado foi ótimo, conseguimos deixar a interface do nosso jogo com uma usabilidade muito boa após 3 testes, sendo um deles com dois jogadores simultâneos.
Este é o conceito do jogo Luta Encarniçada, que criamos para testar a interface:
Enfrente o exército inimigo comandando seus personagens até derrotar seu oponente em calabouços únicos. Cada mapa pode ser construído e customizado para que cada batalha necessite de estratégias diferentes. Cada guerreiro possui atributos de Ataque, Defesa, Mobilidade e Alcance balanceados, para que a montagem dos exércitos torne o jogo competitivo.
O teste de interface funciona da seguinte maneira: nossa equipe era compostar por um observador (apenas observa as reações do jogador e faz anotações e verifica o que pode ser melhorado), um “CPU” (altera a interface de acordo com a ação do jogador, imitando o comportamento de uma máquina) e um facilitador (informa ao jogador o que está sendo exibido na tela e espera pela sua reação, não pode induzir o jogador a tomar uma decisão e nem falar o que ele deve fazer). O jogador deve explorar a interface sem “travar”, caso seja muito necessário o facilitador pode dar uma dica, mas isto significa que a interface possui uma falha que deve ser arrumada para o próximo teste.
O protótipo feito com papel serve apenas para validar a interface e, se o jogo não for complexo, é possível validar um pouco da jogabilidade, que foi o que fizemos também. Esta é a conclusão do relatório da análise de interface que fizemos:
O método de protótipo de papel é muito útil para avaliar a interface e a jogabilidade em jogos. Dependendo da complexidade do jogo, a jogabilidade fica difícil de ser testada devido à limitação do uso de papel e caneta, mas na validação de interface é perfeita e poupa re-trabalho.
De maneira bem rápida e prática podemos alterar a interface e deixá-la pronta para testes sem ter que mexer com imagens ou linhas de código. Este tipo de prototipagem deve ser simples para que funcione corretamente, e é muito importante observar as ações do usuário e não induzí-lo a realizar uma ação que desejamos e consideramos a mais correta.
Este método de teste de interface é muito rápido, dinâmico e economiza muito tempo de programação e re-trabalho. É muito simples fazer um protótipo de papel – muito mais fácil do que criar uma demo para validar a interface. Acho bem legal também utilizar isto para validar a jogabilidade antes de pensar em programar, se a complexidade do jogo permitir isto.