Quanto custa fazer um jogo?
Você já se fez essa pergunta? Provavelmente sim, mas acredito sua resposta deve ter sido pensando em um valor monetário. Este é o custo que empresas levam em conta, é o custo divulgado ou vazado pela imprensa quando um grande projeto é finalmente lançado depois de anos em desenvolvimento. Mas esse não é o custo de fazer um jogo, o verdadeiro custo é pago pelo desenvolvedor que dedicou uma parte da sua vida naquele projeto.
Existem muitos artigos sobre a famosa “cultura” de crunch time em empresas de jogos, e há casos em que os desenvolvedores até se orgulham em falar que viraram noites pra conseguir terminar um projeto. Aqui vou levar em consideração o caso do desenvolvedor responsável e que acredita o suficiente no produto final para sacrificar horas extras e finais de semana no projeto.
Como eu escrevi no meu post anterior, trabalhar com jogos exige uma motivação a mais. Não é um emprego que você aceita só para pagar as contas. O início da carreira pode exigir um pouco de paixão até chegar em uma posição confortável para fazer escolhas melhores. E, ao longo do caminho, muitos sacrifícios são feitos.
O custo de um projeto pode ser de noites não dormidas e até festas perdidas, no melhor dos casos. Nos piores casos pode significar se afastar de amigos, família e relacionamentos. Pode até mudar a personalidade de um desenvolvedor e ele se transformar em outra pessoa, se perder em si mesmo. Grandes projetos sugam todo tempo e energia que o desenvolvedor tem disponível, e a parte triste de quando um projeto termina é olhar para trás e ver o custo que você pagou para alcançar aquele grande achievement na carreira.
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Além do custo pago pelo desenvolvedor durante o projeto ainda existe o custo residual que ele vai pagar depois, muitas vezes financiado em alguns meses ou anos de terapia. Isso sem contar o esforço de reconquistar tudo que perdeu em sua vida pessoal, o tempo perdido que só percebemos tarde demais. Pra algumas pessoas que estão muito envolvidas em um projeto grande, seu lançamento pode ser o suficiente para se “aposentar” da indústria de jogos e buscar algo para ter uma qualidade de vida melhor.
Alias, esse é o maior diferencial que uma empresa pode oferecer hoje em dia. Bons salários e refrigerante a vontade é fácil, por isso qualidade de vida é algo que deve ser valorizado e não ignora. Isso significa que a empresa sabe quanto custa fazer um jogo, e não quer que seus funcionários paguem esse preço até atingirem um burnout.